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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Museologia e Comunicação

O entendimento do Património Cultural em geral reflecte as sequelas do pós-guerra. Como legado deste período ressalta o facto, por todo lado patente, que grande parte do património arquitectónico e monumental estavam destruídos, isso sem falarmos em pilhagens de obras-de-arte entre países, e o desenvolvimento do comércio de arte. Neste contexto ocorre a criação do Conselho Internacional dos Museus, o ICOM, sob a protecção da UNESCO. Reflectindo esta situação, vários profissionais reuniram-se em 1958 para discutir a função educativa dos Museus, e consideram que o espaço do museu é adequado para se exercer a educação formal, facto novo no pensamento museológico da época.

No documento do Rio de janeiro, a educação no museu ainda é vista como uma extensão da escola e não como uma agente de transformação social. O pensamento de Paulo Freire só mais tarde viria a interessar o mundo dos museus. O mesmo Documento preocupa-se profundamente com a exposição museológica e os recursos que o museu utiliza para se comunicar com o público.

Durante a década de 70 a América latina, foi marcada pelas ditaduras, militares. Um clima tenso estabelecia-se por todo o lado em virtude de grande parte da população se opor ao regime ditatorial e buscar a institucionalização de regimes mais democráticos. Ao lutar pela adopção do sistema democrático, o que se pretendia era a melhoria nas condições económicas e sociais e, a possibilidade de se manifestar politicamente, questões relacionadas com o exercício da cidadania.

A Declaração de Santiago, realizada no Chile em 1972 pode ser considerada como a primeira reunião interdisciplinar, preocupada com a interdisciplinaridade no contexto museológico e, voltada para a discussão do papel do museu na sociedade.

Este Documento propõe, que a relação que o homem estabelece com o Património Cultural passe a ser estudada pela museologia, e que o museu seja entendido como o instrumento e agente de transformação social.

É a partir da Declaração de Santiago que a comunidade museológica, já não pode ignorar que o museu começa a ter um papel decisivo na educação da comunidade e a ser agente de desenvolvimento. Por entender que a maior potencialidade dos museus é a sua acção educativa e a educação verdadeira é aquela que serve a libertação, questionamento e reflexão é que as novas correntes da museologia, após esta Declaração, se aportou do método pedagógico defendido por Paulo Freire, que entende a educação como prática da liberdade e constrói a teoria da Educação Dialógica e Problematizadora na qual a relação educador – educando é horizontal, ou seja : acredita-se que a partir do diálogo e da reflexão os homens se educam em comunhão.

“Já agora ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo” (FREIRE, Paulo1987:69).

1 comentário:

Ro Chisholm disse...

Gostaria de mais informações sobre este documento do RIo de Janeiro, o que mais vc puder indicar em bibliográfia para a área da museologia.

Obrigada