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sábado, 13 de outubro de 2012

Os Cataventos




De construção muito simples, o catavento é composto por uma lâmina que gira em torno de um eixo pela acção do vento. Vem desde os tempos dos gregos e além de indicador da direcção do vento serve ao mesmo tempo de ornamento.
Durante a Idade Média começa a ter grande difusão e aparece usualmente como remate das torres das igrejas. Começou por ser um sinal de nobreza e só as casas nobres, eclesiásticas e militares tinham o direito de o possuir.
Foi publicado um trabalho na Revista Portugália, tomo II, fasc. 3º, no Porto, em 16 de Julho de 1907) sobre os cataventos, que ora aproveitamos.
A meteorologia popular, presume-se pelo vento que soprar à meia noite no dia da Senhora das Candeias (2 de Fevereiro), o vento dominante durante o resto do ano. Avalia-se pelo vento do Dia de São Miguel (29 de Setembro), o estado do Inverno que se aproxima, assim como se infere da direcção observada à uma hora da tarde do Dia da Senhora da Ascensão qual o vento estival de predomínio.
A «maré pica de cima» ou «a maré pica de baixo» são as fórmulas com que ordinariamente se distinguem os ventos norte e sul que anunciam bom ou mau vento.

Os cataventos também são conhecidos por grimpas. Frequentemente é uma bandeirola movendo-se em torno de um eixo vertical que indica a direcção do vento e certos estados atmosféricos. Rara é a torre que não remata em veleta. De dia e sem névoa, a freguesia tem na sede o instrumento que logo o elucida, mais ou menos grosseiramente, sobre o tempo provável.

Em termos ornamentais, e sobretudo a partir dos séculos XV e XVI, os motivos são os mais variados: anjos, setas, temas mitológicos, barcos, insígnias eclesiásticas, animais, etc. Umas vezes a decoração exclui a ventoinha e apenas consiste em combinações de folhas e flores, aves, fauna, figuras humanas e cúpidos, de loiça, ferro, chumbo ou zinco.
Normalmente a flecha é simples, associada a folhagens, à cruz e à esfera armilar. Por vezes, combina-se a bandeirola com a flecha.
Nesse trabalho, são ainda indicados os seguintes motivos ou figuras:

• Cravos e coroa de espinhos;
• Aves geminadas;
• Peixes;
• Leões;
• Dragos da fauna mítica;
• Iconografia dos anjos e religião (mitra, báculo, cálice, sol, arco e seta, espada;
• Temas não convencionais (um homem sobre um sol e que consulta os astros,
• Moinhos de vento, com panos e varais;
• Bonecos de madeira que se colocam nas hortas, nos jardins e nos campos.

São também conhecidos os corrupios e gregórios que fazem as delícias das crianças e que se movimentam com a força do vento.
Os temas náuticos, como barcos, peixes, sereias e outros, são muito vulgares nas cidades ou vilas portuárias.
Um dos motivos usuais era o arcanjo S. Miguel ao qual se atribuía a protecção ao raio. No entanto o galo aparece com mais frequência e ainda nos dias de hoje. Recordava ao clero a vigilância e lembrava ainda o arrependimento de S. Pedro. Além disso desde sempre que o galo era considerado profeta do tempo e o seu canto afugentaria os maus espíritos e todas as calamidades.
Mais recentemente, além das torres das igrejas, podemos ver cataventos em moinhos, faróis e outros tipos de construções. Além da lâmina alguns têm também indicação dos quatro pontos cardeais.
Nos navios o catavento não terá este aparato todo e o aspecto decorativo foi posto um pouco de parte. O objectivo é saber a direcção do vento, nestes casos a direcção aparente, de modo a manobrar melhor as velas. Diversos tipos são usados ainda hoje. Desde uma bandeira de chapa ou outro material a tope do mastro grande até a fitas de tecidos leves nos brandais ou bandeiras nas bordas são o auxiliar suficiente para detectar as mudanças de vento.  Bandeira catavento e girouette com indicação do limite de orça.

A electrónica também já invadiu a tradição e a qualquer momento é possível ler a direcção do vento, aparente ou mesmo real, com uma precisão de grau. Mesmo assim o antigo encanto de olhar a tope ou para as flâmulas içadas não se perdeu e ainda podemos ver os olhares a lerem o vento pelas fitas dos brandais ou pelo drapejar das bandeiras.

Na náutica existem algumas expressões associadas a este instrumento, e catavento pode também querer dizer o lugar onde se coloca o oficial que comanda a manobra. Se a ausência de vento for completa, ou quase, também se diz que o catavento está morto! Mas pelo menos este ressuscita com qualquer brisa.
A Energia Eólica é a energia que provém do vento. O termo eólico vem do latim Aeolicus, pertencente ou relativo a Éolo, deus dos ventos na mitologia grega e, portanto, pertencente ou relativo ao vento.
O Deus do vento, filho de Netuno e que habitava a ilha de Eólia, numa caverna onde guardava os ventos. Éolo costumava perseguir as nuvens, levando-as para sua caverna, na intenção de que esse seu ato resultaria em bom tempo.
Aeolicus, pertencente ou relativo a Éolo, deus dos ventos na mitologia grega e, portanto, pertencente ou relativo ao vento.
O Deus do vento, filho de Netuno e que habitava a ilha de Eólia, numa caverna onde guardava os ventos. Éolo costumava perseguir as nuvens, levando-as para sua caverna, na intenção de que esse seu ato resultaria em bom tempo.

O Adagiário ligado ao vento:

• De Espanha nem bom vento nem bom casamento.
• Quem semeia ventos colhe tempestades.
• Palavras, leva-as o vento.
• Enquanto há vento molha-se a vela.
• Água e vento são meio sustento.
• Vento de Ramos, vento do ano.
• Com vento se limpa o trigo e os vícios com castigo.
• A ignorância e o vento são do maior atrevimento.
• Miragem que espante, vento de Levante.
• Mulher, vento e ventura, são de pouca dura.
• O que o vento traz, o vento leva.
• Vai-se o vento com o tempo.
• Vento baixo e beiras a correr é sinal de chover.
• Vento suão, água na mão.
• Se tens vento e depois água, deixa andar que não faz mágoa.
• De caldo requentado e de vento de buraco, guarda-te deles como do Diabo.
• Ande o vento por onde andar nos Passos está em Ovar.
• Quando há vento é que se iça a vela.
• Vento contra a corrente, levanta mar imediatamente.
• Vaga ao revés encrespada vai dar-te o vento saltada.
• Quem foi ao vento, perdeu o assento.
• Com vento de nordeste até o marinheiro enjoa.
• Lugar ventoso, lugar sem repouso.
• O vento ajusta a palha e depois espalha.